domingo, 31 de julho de 2011

Mais uma vez (Renato Russo)



Mas é claro que o sol vai voltar amanhã,
Mais uma vez, eu sei...

Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã,
Espera que o sol já vem...

Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá...
Tem gente que machuca os outros,
Tem gente que não sabe amar...

Tem gente enganando a gente:
Veja nossa vida como está!
Mas eu sei que um dia a gente aprende...

Se você quiser alguém em quem confiar:
Confie em si mesmo...
Quem acredita, sempre alcança!

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã,
Mais uma vez, eu sei...

Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã,
Espera que o sol já vem...

Nunca deixe que lhe digam:
Que não vale a pena acreditar no sonho que se tem...
Ou que seus planos nunca vão dar certo,
Ou que você nunca vai ser alguém...

Tem gente que machuca os outros,
Tem gente que não sabe amar...
Mas eu sei que um dia a gente aprende...

Se você quiser alguém em quem confiar:
Confie em si mesmo!
Quem acredita, sempre alcança...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Poema de apenas dois versos prontos



- Já vai? É cedo...
- Que horas são, por favor?
- Ela já ganhou menino?
- Tô tão atrasada, mulher...
- Aproveite a promoção que é só hoje!
- Tenho tempo não, deixa pra mais tarde...
- Daqui a pouco, viu?

Pra quê tanta pressa gente, se o destino é a morte?
...
E o outro verso eu me esqueci.
Rivaldo Júnior

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ter que esperar (Chicas)



Nunca pensei que eu pudesse sorrir
Ao dizer um adeus pra minha sorte
Que estava por vir,
Uma ilusão pra me transformar...


Nunca achei que eu pudesse te ouvir
Dizendo um adeus pro teu sonho
Que estava por vir,
Uma aflição ter que esperar,
Um sonho em vão...


E agora o que eu faço depois de sorrir,
Com teu sonho incapaz de me ouvir?
Me acorde e depois se vá...
Deixa eu te reparar como uma invasão!


O tempo é que vai passar,
A gente só vai rodar...
Na mesma ilusão de recomeçar.
Jogue tudo pro ar eu estou a flutuar
Na sua ilusão fácil de alcançar!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Entre asas e sorrisos

 À Josi Nascimento,
Com carinho.
Nas batidas das asas azuis de uma borboleta
Conheci um sorriso.

Sorri pra ele,
E ele sorriu pra mim...
E falou
falou falou falou falou
e continua falando...

Tem primaveras que nos são dadas
Com passos de borboletas!
Tem borboletas que encontramos
Que passam e deixam marcas...
Rastros de pólen,
Doçura de mel.
Estações espôntaneas...

Levo elas todas comigo!
Nas páginas amarelas do meu livro dos sonhos...

Porém, quanto àquele sorriso voador,
Guardo-o entre as flores mais belas da minha varanda,
Que fica no lado esquerdo do meu peito.
Rivaldo Júnior

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cântico dos cânticos, 4.






















Como és formosa, amada minha, eis que és formosa! Os teus olhos são como pombas por detrás do teu véu; o teu cabelo é como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade.
Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada.
Os teus lábios são como um fio de escarlate, e a tua boca e formosa; as tuas faces são como as metades de uma romã por detrás do teu véu.
O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para sala de armas; no qual pendem mil broquéis, todos escudos de guerreiros valentes.
Os teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os lírios.
Antes que refresque o dia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso.
Tu és toda formosa, amada minha, e em ti não há mancha.
Vem comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano. Olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde os covis dos leões, desde os montes dos leopardos.
Enlevaste-me o coração, minha irmã, noiva minha; enlevaste- me o coração com um dos teus olhares, com um dos colares do teu pescoço.
Quão doce é o teu amor, minha irmã, noiva minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho! E o aroma dos teus unguentos do que o de toda sorte de especiarias!
Os teus lábios destilam o mel, noiva minha; mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.
Jardim fechado é minha irmã, minha noiva, sim, jardim fechado, fonte selada.
Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes; a hena juntamente com nardo, 
e o açafrão, o cálamo, e o cinamomo, com toda sorte de árvores de incenso; a mirra e o aloés, com todas as principais especiarias.
És fonte de jardim, poço de águas vivas, correntes que manam do Líbano!
Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, espalha os seus aromas. Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus frutos excelentes!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Na casca do ovo



Um tolo veio me perguntar sobre o que eu achava dele,
Disse-lhe que era um tolo
E ele zangou-se.

Da próxima vez que vier me perguntar,
lhe digo o contrário...

Os fatores serão diferentes, mas o produto será o mesmo.
Rivaldo Júnior

sábado, 16 de julho de 2011

Segundo diálogo com Deus (Sonia Carneiro Leão)


    Havia barulho na sala.
                Levantei-me. Fui ver o que era.
                Calcei os chinelos. Acendi a luz do corredor.
                Deus estava ali. Cabeça baixa, caminhando por entre os móveis. Pensativo.
                - Boa noite. Você por aqui de novo?
                - Não – respondeu.
                Puxou a cadeira da mesa e sentou-se.
                Trouxe-lhe água e algumas queijadinhas que haviam sobrado da festa.
                Aceitou. Mordeu uma delas saboreando-a devagar. Olhou-me sorridente e disse:
                - Isso é bom.
                Bocejei. Ainda eram três e meia da manhã. Estava cansada. As pessoas saíram passava da meia noite. Meus amigos vieram me abraçar. Mais um aniversário.
                - Faltou você. Por que não veio?
                - Eu nunca saí daqui.
                - Então, o que acontece? Sou eu que me perco de você?
                - É. E isto é mal.
                - Você se esconde de mim? Pra onde você vai?
                - Pra lugar algum. Todo lugar sou eu.
                - Você é muito complicado. Pensei que não viesse.
                - Você me pediu esta manhã, lembra-se?
                - Sim. Estava aflita, dispersa. Não gosto de me sentir assim. Tenho medo.
                - É bom que me chame.
      - É só chamar que você vem? Só isso?
      - É o bastante.
      - Depois que as pessoas chegaram, minha alegria voltou. Encontrei-me comigo novamente.
      - É sempre assim com você, esse vai-e-vem. Achar-se e perder-se. Isso nunca se resolve?
      - Não sei a razão.
      - Descrença.
      - Descrença? Como assim? Eu creio em Você.
      - Não crê que estou a seu lado o tempo todo.
      - Ah! Fala sério. E se eu for pro inferno?
      - Vou junto.
      Calamo-nos. O silêncio falando alto.
      O carrilhão soou cinco badaladas. Olhei para o mar. Uma bola de fogo surgia no horizonte.
     - Vou ver se consigo dormir mais um pouco.
     - Tudo bem – ele disse.
     - Até outro dia.
     - Até.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Primeiro diálogo com Deus (Sonia Carneiro Leão)

 










 






                Acordei. Deus estava sentado, exausto, na sala de jantar.
                Aproximei-me dele, que me olhou contrito, a expressão de viajante sem rumo nem bagagem. Quis ajudá-lo. Ofereci-lhe água, o que aceitou, bebendo dois goles fartos,
                Devolveu-me o copo, vazio, o qual guardei em seguida.
                Voltei à sala. Continuava ali, esperando por mim.
                Parecia traquilo e ansioso ao mesmo tempo, se é que isto é possível.
                - Deus, Tu és contraditório. Amas incondicionalmente o justo e o bandido, como o Cristo, no alto do Corcovado, eternamente de braços abertos.
                - Esta é a razão do meu cansaço, esse amor por toda criatura.
                - Deus, não vês que sofro?
                - Sofro contigo.
                - Mas, pra que o sofrimento? Tu o inventaste?
                - Tudo foi criado por mim.
                - Pra quê?
                - Ainda não sei – retrucou num olhar só alma.
                - Deus, não tens resposta? És como sou?
                - Sim.
                - Por quê?
                - Preciso.
                Meu corpo escorregou pelo sofá até o chão.
                - Vieste aqui na minha casa...
                - Conversar. Vivo tão só.
                - Teu sofrimento é infinito, ninguém para entender-Te.
                - Não há o Tempo. Tudo é simultâneo, princípio, meio e fim.
                - E agora – quis saber – em que momento estamos?
                - No eterno. Sempre no eterno.
                - Deus, não compreendo.
                - E quem disse que devias?
                - Bem, mas estamos nos comunicamos, não estamos?
                - No Amor. Só há comunicação no Amor.
                - Então, somos dois?
                - Somos Um.
                Mais uma vez supliquei:
                - Explique!
                Carinhosamente, Deus me tomou pelas mãos e levou-me de volta para o quarto. Beijou-me a face e sumiu, deixando-me sozinha diante do Absoluto.
                Não tive medo. Bocejei feliz e fui dormir novamente.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Balada do amor inabalável (Skank)


Eu levo essa canção de amor dançante
Pra você lembrar de mim,
Seu coração lembrar de mim...

Na confusão do dia-a-dia,
No sufoco de uma dúvida,
Na dor de qualquer coisa...


É só tocar essa balada de swing inabalável
Que é o oásis pr'o amor!
Eu vou dizendo
Na sequência, bem clichê:
Eu preciso de você...


É força antiga do espírito
Virando convivência
De amizade apaixonada.
Sonho, sexo, paixão,
Vontade gêmea de ficar e não pensar em nada...


Planejando pra fazer acontecer
Ou simplesmente refinando essa amizade...
Eu vou dizendo
Na sequência, bem clichê:
Eu preciso de você... 


Mesmo que a gente se separe por uns tempos 
Ou quando você quiser lembrar de mim...
Toque a balada do Amor Inabalável,
Swing de amor nesse planeta...


Mesmo que a gente se separe por uns tempos 
Ou quando você quiser lembrar de mim...
Toque a balada, seja antes ou depois,
Eterna Love Song de nós dois...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

De guarda-chuva armado




















Chovia ontem na feira.
Chovia ontem.
Chovia tomates, pepinos e alfaces.
Chovia dinheiros.
Chovia gentes.
Fazia frio e chovia gentes.
Chovia na feira ontem.

Pelas ruas lamacentas guarda-chuvas passavam.
Uma correnteza de guarda-chuvas
Se tocavam e se batiam
E passavam pelas ruas lamacentas.

Chovia restos velhos de um homem,
Ou talvez fossem apenas restos espalhados pelo chão...
Chovia e misturavam-se à lama e à esmola.
Choviam bêbados na esquinas
E sobre eles as moscas varejeiras
Choviam bêbados e inundaram as moças que passavam.
Chovia meninos sujos na bica
Chovia gripes e pneumonias
Chovia risadas molhadas que a tristeza estiou.

Chovia a pressa.
O preço.
A pressão antecipada.
Passos profundos.
Profanos.
Proféticos
Poéticos.
Pessoas apressadas.
Passageiras.
Peças e peçonhas.
Vermes e vergonhas.
Pensamentos.
Choveu e ficaram as poças.

Cheguei em casa todo molhado...
Deixei o guarda-chuva armado no terraço,
Pus o disco dos Beatles,
Aquele que há meses não ouvia.
E fiquei observando a chuva cair
E imaginando como é difícil andar na feira com o guarda-chuva armado.

Rivaldo Júnior