Havia barulho na sala.
Levantei-me. Fui ver o que era.
Calcei os chinelos. Acendi a luz do corredor.
Deus estava ali. Cabeça baixa, caminhando por entre os móveis. Pensativo.
- Boa noite. Você por aqui de novo?
- Não – respondeu.
Puxou a cadeira da mesa e sentou-se.
Trouxe-lhe água e algumas queijadinhas que haviam sobrado da festa.
Aceitou. Mordeu uma delas saboreando-a devagar. Olhou-me sorridente e disse:
- Isso é bom.
Bocejei. Ainda eram três e meia da manhã. Estava cansada. As pessoas saíram passava da meia noite. Meus amigos vieram me abraçar. Mais um aniversário.
- Faltou você. Por que não veio?
- Eu nunca saí daqui.
- Então, o que acontece? Sou eu que me perco de você?
- É. E isto é mal.
- Você se esconde de mim? Pra onde você vai?
- Pra lugar algum. Todo lugar sou eu.
- Você é muito complicado. Pensei que não viesse.
- Você me pediu esta manhã, lembra-se?
- Sim. Estava aflita, dispersa. Não gosto de me sentir assim. Tenho medo.
- É bom que me chame.
- É só chamar que você vem? Só isso?
- É o bastante.
- Depois que as pessoas chegaram, minha alegria voltou. Encontrei-me comigo novamente.
- É sempre assim com você, esse vai-e-vem. Achar-se e perder-se. Isso nunca se resolve?
- Não sei a razão.
- Descrença.
- Descrença? Como assim? Eu creio em Você.
- Não crê que estou a seu lado o tempo todo.
- Ah! Fala sério. E se eu for pro inferno?
- Vou junto.
Calamo-nos. O silêncio falando alto.
O carrilhão soou cinco badaladas. Olhei para o mar. Uma bola de fogo surgia no horizonte.
- Vou ver se consigo dormir mais um pouco.
- Tudo bem – ele disse.
- Até outro dia.
- Até.
Infelizmente muitas vezes duvidamos da presença de Deus em nossa vida, mais Ele sempre esta ali, para nos aparar.
ResponderExcluirLindo Texto
bjos