terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ave de Prata (Zé Ramalho)




É muito mais do que muito,
Muito mais do que quantos anos todos piorei!


É muito mais do que mata,
Muito mais do que morrem todos pela planta do pé!


É muito mais do que fera,
Mais do que bicho, quando quer procriar!


Uma espécie, sementes da água, mistérios da luz...


É muito mais do que antes,
Mais do que vinte anos multiplicar!


Dividir a mentira,
Entre cabelos, olhos e furacões!


Inventar objetos,
Pela esfinge quando era mulher!


Ave de prata, veneno de fogo, vaga-lume do mar...


O mar que se acaba na areia,
Gemidos da terra apoiados no chão.
Entre todos que usam os dentes do arpão!
Apoiados em cada parede pela mão
Pela mão, que criou tantas trevas e luz...


E cada coisa perdida,
Perdidamente pode se apaixonar!


Pela última vida,
Poucos amigos hão de te procurar!


Como é o silêncio?


E nesse momento, tudo deve calar
numa história que venha do povo...
O juízo final .



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