sábado, 21 de maio de 2011

Quinta-feira, 5 de maio de 2011

Acordei cedo esta manhã.
Abri o sorriso
Abri os olhos
Abri a janela
Abri a porta
Abri o mundo.

Vou vivendo em quanto posso
Enquanto resta ar para respirar
Enquanto minhas pernas aguentam
o peso do meu corpo morto,
do meu sorriso aberto.
Enquanto ainda está claro
Logo, logo escurece...

A chuva que cai não molha só minha rua
Molha minha alma em gotas de sangue.
Sangue, lágrima, suor.
Chuva.
Levanto a cabeça
Respiro fundo
Abro o céu.

Faces passam pela rua suja.
E outras ficam sob meus pés.
Misturam-se na lama poluindo o ambiente.
Ninguém as nota.
Melhor assim.
Curvo meus olhos.
Paro o movimento.
Prossigo.

"Olha a bala!"
O inocente aviso do vendedor de doces 
me causa pânico.

Faces continuam passando
Numa correnteza humana.
Arrastando o que ousar em estar a frente.
Deixando para trás.
Tristes, sós.
A procura do que não se acha.
Do melhor da vida.
Da vida melhor.
Da vida perdida.
Por uma bala encontrada no meio do caminho.

tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra

Olha a bala!
Olha a bola!
Olha a pedra.
Paro.
Me empurram para fora.
Me empurram para dentro.
Mas pra quê tanta pressa, gente!
Todos querem um lugar ao sol.
Querem um lugar à chuva
Que volta a cair.
E carregar o entulho humano
por entre becos e vielas escuras.
Me leve de uma vez por todas.

Anoitece cedo hoje.
Fecho o mundo.
Fecho a porta
Fecho a janela
Fecho os olhos
Fecho o sorriso.
Que, pra falar a verdade, nunca deveria ter aberto.
Rivaldo Júnior

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