quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Caminho (Camilo Pessanha)



Tenho sonhos cruéis; n'alma doente 
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente... 

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!... 

Porque a dor, esta falta d_harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora, 

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.   


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Coração em Desalinho (Monarco)




Numa estrada dessa vida,
Eu te conheci, oh Flor!
Vinhas tão desiludida,
Mal sucedida,
Por um falso amor...

Dei afeto e carinho,
Como retribuição procuraste um outro ninho,
Em desalinho, ficou o meu coração.
Meu peito agora é só paixão.

Tamanha desilusão,
Me deste, oh Flor!
Me enganei redondamente.
Pensando em te fazer o bem,
Eu me apaixonei!
Foi meu mal...

Agora!
Uma enorme paixão me devora,
Alegria partiu, foi embora.
Não sei viver sem teu amor,
Sozinho curto a minha dor...

Sozinho curto a minha dor.