No meu fantástico mundo
Corre um rio desencantado
Corre um vento avexado
Correm estradas coloridas
Pros lados do pôr-do-sol...
Correm meninos danados
Correm pernas na poeira
Corre o mundo, a vida inteira
Corre a flor que não se cai
Corre a saudade de um pai
Que se falta conhecer
Mas se nunca há de morrer
Meu pequeno rouxinol
Por constância da corrida
Por constância da corrida
Por estradas coloridas
Pros lados do pôr-do-sol...
No meu fantástico mundo
Corre o amargo do suor
Desventura da corrida
Em direção do além...
Mas também corre o melhor,
O punhado de farinha
Na travessa da cozinha...
O silêncio das seis horas
De minha Nossa Senhora
Das Dores, da Conceição.
O barulho do trovão
Invernada que já vem
Invernada que já vem
A esperança da vida
Aventura da corrida
Em direção do além...
No meu fantástico mundo
Corre o tempo devagar
Corre a vela queimar
Do lado de Padim Ciço,
Grande santo do Sertão.
A lagartixa escalar
O reboco da parede
Corre o balanço da rede
O rangido da porteira
Chegando em casa da feira
Com seus sete, nove filhos
Em cada olho um brilho
Em cada brilho, a feição
Em cada feição um viço
Em cada feição um viço
Romeiro de Padim Ciço,
Grande santo do sertão.
No meu fantástico mundo
O cortejo do enterro
Corre a noite de luar...
Perpetuando a vida
Corre acerto, corre erro
Corre o céu bem pontilhado
Enxada, foice, machado,
O descanso merecido
De quem já nasce crescido
E de noite é criança
No estalo da esperança
De uma sina bem cumprida
De uma sina bem cumprida
Vontade de descansar
Dormir sob o luar
Perpetuando a vida.
Rivaldo Júnior
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