quinta-feira, 24 de março de 2011

O fantástico mundo daqui


No meu fantástico mundo
Corre um rio desencantado
Corre um vento avexado
Correm estradas coloridas
Pros lados do pôr-do-sol...
Correm meninos danados
Correm pernas na poeira
Corre o mundo, a vida inteira
Corre a flor que não se cai
Corre a saudade de um pai
Que se falta conhecer
Mas se nunca há de morrer
Meu pequeno rouxinol
Por constância da corrida
Por estradas coloridas
Pros lados do pôr-do-sol...

No meu fantástico mundo
Corre o amargo do suor
Corre o peso, a pior
Desventura da corrida
Em direção do além...
Mas também corre o melhor,
O punhado de farinha
Na travessa da cozinha...
O silêncio das seis horas
De minha Nossa Senhora
Das Dores, da Conceição.
O barulho do trovão
Invernada que já vem
A esperança da vida
Aventura da corrida
Em direção do além...

No meu fantástico mundo
Corre o tempo devagar
Corre a vela queimar
Do lado de Padim Ciço,
Grande santo do Sertão.
A lagartixa escalar
O reboco da parede
Corre o balanço da rede
O rangido da porteira
Chegando em casa da feira
Com seus sete, nove filhos
Em cada olho um brilho
Em cada brilho, a feição
Em cada feição um viço
Romeiro de Padim Ciço,
Grande santo do sertão.

No meu fantástico mundo
Corre o berro do bezerro
O cortejo do enterro
Corre a noite de luar...
Perpetuando a vida
Corre acerto, corre erro
Corre o céu bem pontilhado
Enxada, foice, machado,
O descanso merecido
De quem já nasce crescido
E de noite é criança
No estalo da esperança
De uma sina bem cumprida
Vontade de descansar
Dormir sob o luar
Perpetuando a vida.

Rivaldo Júnior

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