terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Anunciação (Alceu Valença)




Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal.

No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento,
E o sol quarando nossas roupas no varal...

A voz do anjo sussurrou no meu ouvido,
Eu não duvido, já escuto os teus sinais.
Que tu virias numa manhã de domingo,
Eu te anuncio nos sinos das catedrais...
Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

pedaço












a vida que faço
no passo que corro
ultrapassa meu traço,
no espaço, discorro.
disfarço o laço,
realço o socorro
do pedaço que vive
enquanto eu morro.






Rivaldo Júnior

coisas que são da vida e apenas são




sou culpado do meu próprio assassinato.
sou gás carbônico da minha própria fotossíntese.
tal como o fogo respira o ar,
e o ar dissipa a chama,
sou tragado por minha própria covardia
e baforado em fumaça cinza-doce
a altura dos olhos
meus.

não assisto o mesmo erro duas vezes
 
não perdoo a minha face frente a frente. 
não espero, 
pois esperar me corrói 
as faces da 
velha assombração 
que me embriaga. 
deixo-me voar e ser conduzido 
pelo amargo gosto 
do uísque barato perdido 
na estante 
da sala de estar. 
e vou crendo nisso tudo que dizem que sou 
fazer o quê? 
é da vida acreditar e 
ser o que dizem... 
por medo. 
sou isso tudo mesmo. 
fotossíntese, erro, voar...
é da vida.


Rivaldo Júni
or

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

poema para um anjo








uma criança morreu na minha rua hoje a tarde.
não sei quem era.
não sei o porquê.
morreu, o choro, a mãe, a tarde na minha rua.
seus sonhos devem ter voado, bem alto.
pra deus.
eu fiquei triste, não sei quem era, nem sei o porquê...

o infinito se desdobra a cada novo big bang. 


Rivaldo Júnior