quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Vinte e nove (Legião Urbana)


pela data bissexta.
Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos.
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes...

Estou aprendendo a viver sem você,
(Já que você não me quer mais)

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno,
Decidi começar a viver....



Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.

(E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Memória (Carlos Drummond de Andrade)



Amar o perdido
deixa confundido
este coração.


Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.


As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.


Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

sou neto de um joão cabral



                             nordestina rima com clandestina,
                             deve ser pela vida.
                             e também com severina.                                 


            Rivaldo Júnior

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

em tentação



                                                              que seja feita a nossa vontade
                                                                         assim na terra,
                                                              como no inferno.


            Rivaldo Júnior

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

um feliz mente


              quem me disse. disse.
              disseram.

              disseram-me que pra ser normal é preciso ser feliz,
              ou alguma coisa parecida.
              que merda.

              sou feliz mas acho que não sou normal.

 Rivaldo Júnior

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

pelas angústias que fazem a vida como ela é

passo noites, paraíso.
inferno.
foi um tanto complicado, passos, pessoas, noites.
dê-me um conhaque.


origem russa... a vodca, os soviéticos.
danem-se os ultrarromânticos!
tenho o álcool. tenho.
esses meses...
os poucos conhecidos fazem a gentileza
ao relógio.
meia-noites e mulheres, 
meu corpo arde em noites.
as amigas, elas, sim, elas.
meu corpo arde.
as amigas, os prazeres, sim.
arde em noites - meu esperma quente.
noites quentes.
meu conhaque acaba.


minhas noites.
meu pacto com Almodóvar.
gozos deles e delas. elas
elos.
tesouros cônscios, amarelos.
sexo va, sexo viene.
elas.


resta-me álcool na garganta.
despejo o pigarro , já é tarde.
já é hora.
Rivaldo Júnior

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ave de Prata (Zé Ramalho)




É muito mais do que muito,
Muito mais do que quantos anos todos piorei!


É muito mais do que mata,
Muito mais do que morrem todos pela planta do pé!


É muito mais do que fera,
Mais do que bicho, quando quer procriar!


Uma espécie, sementes da água, mistérios da luz...


É muito mais do que antes,
Mais do que vinte anos multiplicar!


Dividir a mentira,
Entre cabelos, olhos e furacões!


Inventar objetos,
Pela esfinge quando era mulher!


Ave de prata, veneno de fogo, vaga-lume do mar...


O mar que se acaba na areia,
Gemidos da terra apoiados no chão.
Entre todos que usam os dentes do arpão!
Apoiados em cada parede pela mão
Pela mão, que criou tantas trevas e luz...


E cada coisa perdida,
Perdidamente pode se apaixonar!


Pela última vida,
Poucos amigos hão de te procurar!


Como é o silêncio?


E nesse momento, tudo deve calar
numa história que venha do povo...
O juízo final .



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

poeta sem sentido sem poema (poema sem sentido sem poeta)



cada vez que vem e vai
vai-se mais de cada vez.

tantas vezes sou espanto, 
outras vezes sou nem tanto.

sou o que não sou
não o que fui
mas o que devo.
faço o que não faço
não vivo, apenas escrevo.

Rivaldo Júnior

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Codinome Beija-Flor (Cazuza)


Pra que mentir,
Fingir que perdoou...
Tentar ficar amigos sem rancor.
A emoção acabou,
Que coincidência é o amor,
A nossa música nunca mais tocou.

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções...
Desperdiçando o meu mel.
Devagarzinho, flor em flor,
Entre os meus inimigos, Beija-flor!

Eu protegi o teu nome por amor,
Em um codinome, Beija-flor,
Não responda nunca, meu amor,
Pra qualquer um na rua, Beija-flor!
Que só eu que podia, dentro da tua orelha fria,
Dizer segredos de liquidificador.

Você sonhava acordada,
Um jeito de não sentir dor.
Prendia o choro e aguava o bom do amor.