quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Profecia (Cordel do Fogo Encantado)















Salve o povo xucuru!

Na cumeeira da serra Ororubá, o velho profeta já dizia:
"Uma nova era se abre com duas vibras trançadas,
Seca e sangue!
Seca e sangue!"
Herdeiros do novo milênio,
Ninguém tem mais dúvidas...
O sertão vai virar mar!
E o mar sim,
Depois de encharcar as mais estreitas veredas,
Virará sertão!
Antôe tinha razão, rebanho da fé!
A terra é de todos; a terra é de ninguém!
Pisarão na terra dele todos os seus,
E os documentos dos homens incrédulos,
Não resistirão a Sua ira!
Filhos do caldeirão!
Herdeiros do fim do mundo,
Queimai vossa história tão mal contada!
Ah! Joana Imaginária...
Permita que o Conselheiro
Encoste sua cabeleira
No teu colo de oratórios.
Tua saia de rosários,
Teu beijo de cera quente...
E assim na derradeira lua branca,
Quando todos os rios virarem leite,
E as barrancas cuscuz de milho,
E as estrelas tocadeiras de viola,
Caírem uma por uma...
Os soldados do rei D. Sebastião
Mostrarão o caminho!








sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Saga (Filipe Catto)

Andei depressa para não rever meus passos...
Por uma noite tão fugaz que eu nem senti.
Tão lancinante, que ao olhar pra trás agora,
Só me restam devaneios do que um dia eu vivi!

Se eu soubesse que o amor é coisa aguda,
Que tão brutal percorre início, meio e fim.
Destrincha a alma, corta fundo na espinha,
Inebria a garganta, fere a quem quiser ferir...

Enquanto andava, maldizendo a poesia
Eu contei a história minha 

Pr´uma noite que rompeu.
Virou do avesso, e ao chegar a luz do dia,
Tropecei em mais um verso sobre o que o tempo esqueceu...

E nessa Saga venho com pedras e brasa!
Venho com força, mas sem nunca me esquecer:
Que era fácil se perder por entre sonhos
E deixar o coração sangrando até enlouquecer...


E era de gozo, uma mentira, uma bobagem;
Senti meu peito, atingido, se inflamar.
E fui gostando do sabor daquela coisa,
Viciando em cada verso que o amor veio trovar...

Mas, de repente, uma farpa meio intrusa,
Veio cegar minha emoção de suspirar.
Se eu soubesse que o amor é coisa assim
Não pegava, não bebia, não deixava embebedar...

E agora andando, encharcado de estrelas,
Eu cantei a noite inteira pro meu peito sossegar.
Me fiz tão forte quanto o escuro do infinito
E tão frágil quanto o brilho 
da manhã que eu vi chegar...

E nessa Saga venho com pedras e brasa!
Venho sorrindo, mas sem nunca me esquecer:
Que era fácil se perder por entre sonhos,
E deixar o coração sangrando até enlouquecer...!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Todos




consciência                                           gratidão
eu
linda            amigo
amor              Deus
lamento.


                  cachaça,
                            queda,
                                     felicidade.




"Talvez maior que a alegria do ser seja a do ser todos. "
Aos poetas do CEHL. Com carinho e admiração.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Três poemas que se completam


Talvez

Três lágrimas
Um sorriso amarelo.
Uma promessa -
Talvez amanhã...

...ou não.





Conforme

Volte amanhã. Voltarei.
Talvez quem sabe quando as lágrimas secarem,
E os sonhos despertarem...
Meu sorriso ainda seja o mesmo.

E o mesmo ainda sorria para ti.



 

Falácia

Sabe de uma coisa: Fica onde estiver!
Não quero te ver nunca mais.
As tardes já não são tão frias...
A noite já brilha estrelas.

E eu realmente tento olhar para elas.


Rivaldo Júnior 


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Trem das 7 (Raul Seixas)



Ói, ói o trem, 
Vem surgindo de trás das montanhas azuis, 
Olha o trem!
Ói, ói o trem, 
Vem trazendo de longe as cinzas do velho éon...
Ói, já é vem, 
Fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem.
Ói, é o trem, 
Não precisa passagem,
Nem mesmo bagagem no trem!

Quem vai chorar, quem vai sorrir ?
Quem vai ficar, quem vai partir ?
 
Pois o trem está chegando, 
Tá chegando na estação...
É o trem das sete horas, 
É o último do sertão, 
Do sertão...

Ói, olhe o céu, 
Já não é o mesmo céu que você conheceu, 
Não é mais!
Vê, ói que céu, 
É um céu carregado e rajado, suspenso no ar.
Vê, é o sinal, 
É o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões;
Ói, lá vem Deus, 
Deslizando no céu entre brumas de mil megatons...
Ói, olhe o mal, 
Vem de braços e abraços com o bem,
Num romance astral!

Amém.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Oração (A banda mais bonita da cidade)


Meu amor essa é a última oração,
Pra salvar seu coração...
Coração não é tão simples quanto pensa,
Nele cabe o que não cabe na despensa,

Cabe o meu amor!

Cabem três vidas inteiras...
Cabe uma penteadeira.
Cabe nós dois!









Cabe até o meu amor, essa é a última oração,
Pra salvar seu coração...
Coração não é tão simples quanto pensa,
Nele cabe o que não cabe na despensa,

Cabe o meu amor!

Cabem três vidas inteiras...
Cabe uma penteadeira.
Cabe essa oração.




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Café amargo... Até parece perfume!



E agora,
Posso ao menos saber o cheiro
Do perfume que te levou...
Não adianta mentir, há perfume.
O tempo foi dado.
Teu perfume já saiu do meu quarto,
E foi pra lá...
Como é lá?
Lá é bom?
Por que fostes mesmo?

O café já esfriou...
A mão vai largando levemente a maçaneta.
Livremente.
A porta se fecha atrás de mim.
Enxugo o rosto molhado,
Três passarinhos atravessam a minha janela.
Três não, dois
E um solitário abandona o grupo.
E some no poente.
Vai beber seu café amargo e frio.

Chega! Chegou.
Meu sorriso te encontra
Mas este é apenas um.
"Sente-se um pouco, quer um café?"
Foi o café. Estava amargo.
Estava diferente. Não sorria.
Teu sorriso, não havia.
Teu sonho, acabou.
Teu amor, foi afogado num gole demorado.
Que levou consigo toda a minha esperança...
Para o deguste íntimo das últimas papilas.
Um gosto diferente, mais amargo.
Café, talvez. Mais amargo. 
Perfume.
Devolvido ao mundo.
Pigarreado em soluços de sozinho.
Só.
Somente.
Rivaldo Júnior

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Das utopias (Mário Quintana)


 





Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que triste os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!